Alcoolismo- Desenvolvimento e sequelas – 3-Final
Confuso com as tragédias das quais
tive conhecimento em relação ao uso da bebida alcoólica, em 1996 tive acesso a
um grupo de autoajuda, cuja finalidade era a de sair de minha ignorância em
relação ao que percebia, sem entender. Inteirei-me gradativamente do programa
de trabalho daquele pequeno grupo de pessoas, cujo objetivo era o de compreender
o que vi desde que tive consciência e percepção das coisas. Uma das maiores
demonstrações de sinceridade das pessoas que faziam parte daquele grupo foi a
espontaneidade com que se declaravam “perdidas”, sem nada saber da propalada
“falta de caráter” dos alcoólatras. A partir de 2005, já tendo amealhado certo
conhecimento, consegui mesclar problemas de família, e sentir revolta pela
discriminação imposta às vitimas dominadas pelo uso do álcool, como
“ingrediente vital” para sua sobrevivência. Até 1996, exceto pelo uso da
maconha da qual ouvira falar, não tinha a mais leve impressão do que seria a
dependência orgânica de uma pessoa, em relação as drogas ilícitas.
Associo o desconhecimento de grande
parte da sociedade, à imagem de um “Iceberg”, quase sempre de tamanho
gigantesco, desprendido das geleiras polares e que flutuam a mercê das
correntes oceânicas, com a principal característica física de ocultar sob o
nível do mar, 90% de sua verdadeira proporcionalidade, deixando como conseqüência
10% de seu tamanho aparente. Assim é o alcoolismo: A sociedade tem somente
conhecimento dos indivíduos caídos nas sarjetas, ou de ações configuradas pelos
processos criminais. Poder-se-ia estabelecer as diferenças entre o que pode ser
visto, e o que não se vê dos casamentos destruídos, nos processos de prisão por
falta de pagamento de pensões alimentícias, etc. Acrescente-se a isso, as
perdas generalizadas, como patrimônios conseguidos ao longo da vida, empregos,
afastamento dos filhos, e o pior, sem a conscientização dos prejuízos físicos. Dados
estatísticos atestam que 85% dos dependentes de drogas são originados em lares
de pais separados. A impotência sexual no homem propicia a infidelidade
conjugal, institucionalizando a prostituição até no ambiente do lar. Essa
coletânea dos principais registros inerentes ao alcoolismo é a parte oculta,
tal qual a do “iceberg”.
Nelson Martins – Autor do
livro Alcoolismo e a Vida em Sociedade- Editora Komedi- 2006,