quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A pizza e a classe média. Parte 2

Quem cola está fraudando a meritocracia da escola, em que a nota é a recompensa pelo esforço do estudar e aprender. Professor que não dá aula na hora em que deveria dar está roubando tempo do Estado e do aluno, pois tempo é o que compra seu salário. Professor de tempo integral na universidade pública que não cumpre seu horário de permanência está roubando (=tempo) do erário público. O que faz esse mesmo professor quando sua empregada não cumre seus horários?Quando o pivete rouba a bolsa da nobre senhora é crime sem perdão. Quando a empregada leva a comida da casa da patroa é fraqueza de caráter dos pobres. Mas não se fala em roubo quando a madame ou o seu marido deixam de pagar os impostos devidos, subornam o guarda para não pagar multa, fazem contrabando ou subfaturam compras. É como se roubar do Estado não fosse crime mas o próprio Estado induz à sonegação criando impostos que levariam à falência muitas empresas pequenas, se elas fossem pagá-los. Como vamos fazer uma operação "mãos limpas"se as mãos da classe média estão sujas e ela não vê entre atestado falso, roubo de tempo, superfaturamento e desfalques em estatais? Quando são os pobres ou os ilustres parlamentares, é crime. Quando é o cidadão ou a família, é o jeitinho, é a vitória da astúcia sobre o sistema. Se tivermos uma operação mãos limpas, as nossas elites deverão ser as primeiras a entrar na faxina.

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