quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A pizza e a classe média. Parte 3 - Final

Além do desencanto e revolta, de extraordinária importância, há pelo menos dois resultados pouco auspiciosos desse relativismo moral. Na operação da economia, é preciso desviar enormes recursos para fiscalizar e controlar. São recursos que poderiam gerar riquezas, mas que são usados para impedir que um roube do outro. Como entenderam os paises protestantes (que têm os menores níveis de corrupção), honestidade vira riqueza.
Outra consequência péssima é que as regras de funcionamento do serviço público se tornam restritivas e travadas, na vã tentativa de impedir a malversação de recursos e os desfalques. As proteções são frágeis e facilmente contornadas pelos pilantras. Mas, na ânsia de proteger os cofres públicos de uns poucos desonestos, acabam por impedir a máquina governamental de cumprir seu papel. Qualquer administrador público em Brasília sabe muito bem: ou se arrisca, operando na margem da legalidade, ou quase nada poderá fazer.
Uma loja de departamentos americana muito bem-sucedida - a Nordstron - distribui aos funcionários um cartão com seu código de conduta para assuntos da empresa. O texto é breve: "Em caso de dúvida use o bom senso". Pena que nosso serviço público não possa receber o tal cartão, pois os regulamentos impedem o uso do bom senso.
"COMO VAMOS FAZER UMA OPERAÇÃO 'MÃOS LIMPAS' SE AS MÃOS DA CLASSE MÉDIA ESTÃO SUJAS? SE TIVERMOS UMA OPERAÇÃO MÃOS LIMPAS, AS NOSSAS ELITES DEVERÃO SER AS PRIMEIRAS A ENTRAR NA FAXINA"

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