Sérgio Rigonatti, psiquiatra da
USP, conviveu no Carandiru por quase quase três anos, para desvendar a mente de
homicidas e estupradores. A conclusão de seu trabalho foi surpreendente diante o senso comum: nenhum dos cem presos analisados por ele apresentou doença
mental. E o que então há de comum ente eles? 80 % usavam drogas, sobressaindo-se a maconha consumida por 64%
dos homicidas estupradores. O estudo que seria apresentado em um curso de
psiquiatria forense não refletia a realidade dos fatos quanto a origem invocada
pelo colunista, tendo em vista o posicionamento da própria psiquiatria forense
referente às causas de tais comportamentos, diretamente ligados à distorções
familiares, em sua maioria, relacionadas
à transferência do código genético, e o comportamento nocivo de boa parte da
sociedade.
Um homem em idade avançada, veio à Clínica para um curativo na mão
direita. Estava apressado, dizendo-se atrasado para um compromisso e enquanto o
tratava perguntei-lhe do motivo de sua pressa. “Preciso ir ao asilo de anciãos
para, como todos os dias, tomar café com minha mulher; ela está internada há
algum tempo com Alzheimer em estágio bastante avançado. Há cinco anos não me
reconhece.” Estranhando, lhe perguntei:- Mas, se ela não sabe quem é o senhor,
porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs? Ele sorriu e,
dando-me uma palmadinha na mão disse: - É! Ela não sabe quem eu sou, mas,
contudo, eu sei muito bem quem ela é. O verdadeiro amor não se reduz nem ao
físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro
é, do que foi, do que será... e já do que não é.
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