sábado, 21 de novembro de 2009

ELEIÇÕES e RELIGIÃO

No Antigo Testamento uma prática se tornou sagrada em razão da sua natureza. Era unção com óleo de pessoas e coisas, como forma de torná-las sagradas, separadas para o Senhor. Assim se deu com a Tenda da Congregação ou Tabernáculo e todos os seus utensílios, inclusive a arca.
Também se ungia os que eram separados para o sacerdócio, tal como se deu com Arão e seus filhos. Outra prática era a de ungir quem por DEUS havia sido escolhido como rei sobre a nação, tal como se deu com Saul, Davi, Salomão, Jéu, Joás e Jeocaz. Em todos esses casos, a unção foi feita por um profeta ou sacerdote, o que mostra a natureza sagrada e reverente do ato. No entendimento de alguns autores do Antigo Testamento, a unção dota a pessoa ungida com o Espírito de Deus, que o capacita para a função para a qual foi ungido.
No Novo Testamento só encontra a unção no caso de enfermos, o que levou a Igreja Católica a instituir a extrema-unção e algumas denominações a fazê-lo, sempre considerando o contexto da carta aonde Paulo a recomenda, que implica em confissão de pecados.
Nos últimos dias de uma campanha eleitoral, um candidato-agora derrotado-convidou pastores ali reunidos, ao que tudo indica, motivados por uma mente florida, fundamentalista e mágica, decidiram pedir ao candidato que se ajoelhasse; fizeram ao se redor um círculo de pastores e o chamaram de “servo de DEUS”, e o ungiram prefeito da cidade. Baseavam-se nos relatos testamentários da unção do rei e, ao repeti-lo, estavam se antecipando à vontade popular, declarando que o
candidato já era o prefeito.
A unção foi blasfema e o foi porque tomou o nome do Senhor em vão, em atentado direto ao que pregam os mandamentos. O nome foi tomado em vão porque tal ato fugia à dinâmica da fé do Novo Testamento e foi um ato vão, visto que a unção de nada valeu.
A unção foi blasfema porque praticada sob a ótica de um deus pequeno, subserviente, que faz o que seus adoradores determinam. Embalados pela doutrina da afirmação positiva, herética até o último fio de cabelo, acreditavam que ao declarar “o candidato eleito prefeito”, tal declaração produziria o fato, independentemente da vontade popular expressa nas urnas. O que valia era à vontade dos “senhores e santos pastores” e outros “fieis” ali reunidos, que determinariam as suas vontades. Tal qual afirmou Nietzsche-filósofo alemão, 1796-1854, num trecho de seus trabalhos: “Quem obra na vida buscando recompensa de felicidade, é um hipócrita”. “Em outro trecho: Toma DEUS como escudo de suas misérias; é duplamente fraco e fracassado”.
Como fica agora a tal unção dada em nome de DEUS? Errou DEUS? Como fica “o servo do senhor” derrotado nas urnas?

Nota: A redação do blog acima, foi condensada da edição do jornal, Correio Popular, de Campinas, edição de 03-novembro-2004.
Nelson Martins

Nenhum comentário:

Postar um comentário