sexta-feira, 29 de abril de 2011

A CAMISINHA e o CARNAVAL

Muitas campanhas de saúde pública têm sido feitas no Brasil desde o primeiro governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), que tomou medidas enérgicas no Rio de Janeiro, polêmicas, envolvendo o grande sanitarista e então ministro da Saúde, Osvaldo Cruz. A Revolta da Vacina foi o subproduto das medidas governamentais e entrou para a história das campanhas de saúde no Brasil. A truculenta campanha de vacinação antivariólica quase causou uma guerra civil, mas trouxe resultados positivos inegáveis, frutos do trabalho de Oavaldo Cruz, colhidos mais tarde por seu sucessor Carlos Chagas. Nos últimos anos, assistimos a várias campanhas contra o cigarro, contra o alcoolismo, campanhas de vacinação de crianças, de combate à dengue e, notadamente, campanhas de prevenção de combate à aids. Nos períodos carnavalescos toda a mídia reprisa o slogan da campanha iniciada no passado : "Neste Carnaval use camisinha".


Pesquisas de ONGs e do Ministério da Saúde mostram que o uso da camisinha não é de modo algum generalizado e que cai muito quando o relacionamento se torna estável, depois de algumas semanas. O uso correto da camisinha, está longe de ser normativo, o que agrava ainda mais o risco de doença sexualmente transmissível e de gravidez, particularmente entre adolescentes.


Dados oficiais mostram que a aids cresceu no Brasil ao mesmo tempo em que as campanhas contra a aids foram orquestradas. Há no Brasil, entre 1980 e junho de 2010, o registro oficial de 592.914 pessoas com aids. Cerca de 38 mil casos novos têm surgido a anualmente em nosso país. A aids tem aumentado na faixa etária de 13 a 24 anos e tem sido perversa entre meninas de 13 a 19 anos, única faixa de idade em que o número de mulheres supera a dos homens. O contágio se sobressai tanto em homens como mulheres; é de longe a sexual tanto heterosexual como homosexual masculina. A transmisão por meio de drogas, está superada pelo ato sexual, em todo o mundo. Pode-se concluir facilmente que, as campanhas de toda ordem pricipalmente as governamentais, têm sido pouco eficazes e que os movimentos em favor da saúde nas campanhas pré-carnavalescas, pouco têm feito a diferença. Considero demagógica a distribuição em massa de camisinhas, por parte das autoridades da área de sáude.


Aproveito para inserir neste blog, uma declaração feita pelo Dr. Dráusio Varella, no inicio da década de 80, relativa aos resultados negativos que adiviriam. Não sei o que pensa esse médico, frente aos numeros que se verificam atualmente, 30 anos após às suas declarações.


Nota: Parte deste texto foi condensado da matéria impressa no jornal Correio Popular, da cidade de Campinas, edição do período carnavalesco deste ano, de autoria de Lísias Nogueira Castilho, urologista e professor da Faculdade de Medicina da USP.

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