segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ATÉ QUE A RELIGIÃO NOS SEPARE.



Ao longo de minha permanência por várias empresas de engenharia, além do aprendizado no relacionamento com pessoas de diferentes características pessoais e psíquicas, uma determinada passagem ficou muito marcada em meu subconsciente.
Devo acrescentar que, por uma condição meramente pessoal, sempre fui contemplado pela Natureza com uma marca da qual, intimamente, não posso esconder uma pequena dose de vaidade. Além da vida profissional, o mesmo ocorre com lembranças de várias passagens, principalmente por escolas pelas quais passei na área do ensino profissionalizante, num espaço de aproximadamente 23 aos consecutivos, sentindo a consideração de ser um confidente.
Após breve período de admissão em uma das empresas da qual exerci as funções de projetista, identifiquei-me fortemente com Artachedes (Tacho , como era conhecido pelos colegas de trabalho).
Casado, pai de dois filhos, em certa manhã, Tacho dirigíu-se a mim dizendo que precisava fazer uma confidência sugerindo que conversássemos em um dos bares do Conjunto Nacional, no final do expediente. Até então, em algumas ocasiões, de forma indelével houvera assinalado que sua vida matrimonial estava oscilando, tendo já procurado aconselhamento com profissionais e religiosos. Naquelas situações sempre fora estimulado no sentido de preservar seus filhos.
Diante do fato que cada vez mais a situação tomava corpo, foi aconselhado por uma Psicóloga no sentido de optar por uma, entre duas situações: Tentar preservar seu matrimônio e a segurança de seus filhos, tendo uma dupla vida, ou; assumir de vez o desmoronamento virtual de seu casamento. Nesse ponto, Artachedes lançou um desafio, quase me intimando a definir uma posição para sua situação. Disse-lhe que voltaríamos a conversar nos próximos dias.
A partir do dia seguinte, notei naquele colega um olhar de ansiedade quanto à minha opinião. Dada à confiança que sempre depositara em mim, senti que não poderia omitir-me. Dias após nos encontramos no local do encontro anterior. Certamente, aquela minha opinião seria terrivelmente comprometedora em razão dos resultados que adviriam.
Fiz-lhe ver que, se de toda forma, de há muito seu casamento já muito comprometido e muito provavelmente não teria a possibilidade de uma reversão; Artachedes disse-me que tomaria uma decisão.
Durante algum tempo, não mais falamos sobre o assunto. Casualmente, fui enviado pela firma a uma obra, fora da área da Capital. Retornei três meses após ao escritório. Evidentemente, sentia certa curiosidade por saber qual o resultado da decisão daquele meu colega. Em um terceiro encontro, soube que meu antigo colega estava se relacionando com uma enfermeira cujo processo de divórcio encontrava-se em fase final.
Em 1972, saí da empresa em que trabalhávamos. Por uns tempos, até por um dever de discreção, evitei telefonemas ou outra forma de contato.
Depois de transcorridos aproximadamente treze anos, em certa manhã, fui surpreendido por um chamado telefônico de Artachedes, propondo novo contato no recinto do Conjunto Nacional. Encontramo-nos na tarde seguinte. No transcorrer de um encontro de quase duas horas, meu antigo colega, entre ocasionais olhares perdidos no horizonte, relatou-me uma convivência feliz com a senhora enfermeira, mãe de quatro filhos, com seu estado civil de divorciada. Surpreedentemente, fiquei atônito com a informação, relatando-me as maravilhas vividas com àquela mulher, que depois de um ano, desejára insistentemente ter um filho com meu amigo. O matrimônio de Artachedes fora preservado em um clima de mentiras. Aquele sublime relacionamento mantido por longo tempo fora rompido porque Ivana, a enfermeira,
propôs o ingresso de Artachedes em uma religião evangélica.

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