quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Complexo de superioridade no alcoolismo - Parte 1

Quando, em uma família, é detectado o alcoolismo em um de seus membros, é sintomático o caos que sobrevém a todos. Diferentemente da instalação do uso da maconha, cocaína, craque etc., em que a percepção é lenta por parte dos parentes, o perigo do uso da bebida alcoólica é sentido gradativamente.
O indivíduo com predisposição orgânica ao uso da bebida alcoólica, e no decorrer do tempo, muitas vezes advertido não só por familiares, mas também por amigos, do perigo a que está se expondo, acaba por estabelecer obstinadamente uma batalha de negação, sem tréguas. Essa batalha está alicerçada no despertar de um complexo de superioridade nunca antes manifestado.
Argumentos de que tudo está sob seu controle são o clichê estabelecido quase como por lei pelos usuários da droga álcool.
O que tem sido constatado no ambiente familiar é o fato de ser impossível conseguir que quaisquer formas de admoestação resultem em mudança do quadro estabelecido. As iniciativas de advertência ou sinais de alerta tornam evidente o desespero instalado. Esse novo processo estimulará ainda mais o instinto de defesa da vítima do álcool, agravando-se o seu complexo de superioridade, agora ferido.
Em paralelo a essa situação existe, na maioria dos lares, o hábito do consumo da bebida alcoólica como ato social. Sendo assim, como fazer advertência ao alcoólico da família. Lamentavelmente, para alguns, existe o famoso chavão do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço” ou ainda a expressão “meu filho pode fazer o que quiser; eu é que não abro mão de minha cervejinha”.
Essas práticas, além de servirem de incentivo para situações mais perigosas para a família e de tornar mais difíceis quaisquer argumentos no sentido de aconselhamento ao dependente, convertem-se em um maior estímulo para aquele que, via da regra, está começando a perder sua vida e, muitas vezes, o sentido de todo o princípio da criação do ser humano.
Do livro Alcoolismo e a Vida em Sociedade - Autor Nelson Martins - Editora Komedi - 2006

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