quarta-feira, 15 de abril de 2009

O CURIOSO

Diariamente, muito cedo, um senhor dirigia – se para seu local de trabalho na vizinha cidade de Jundiaí. Para tanto, utilizava transporte ferroviário, embarcando na Estação da Luz, cuja composição partia às 4 horas. Muito cuidadoso em relação às suas responsabilidades, normalmente chegava àquela estação às 3,30 horas. Após comprar sua passagem, tranquilamente comprava o habitual jornal, sentava – se no banco da plataforma da estação, acendia seu cigarro e aguardava o trem.
Muito embora àquele seu hábito fosse muito antigo, em uma manhã sua atenção foi despertada – como até então não houvera acontecido – ouviu batidas de martelo contra as rodas dos vagões, praticadas por um funcionário da estrada de ferro. Tal acontecimento passou a se constituir em um num misto de curiosidade, além de tirar sua concentração na leitura do jornal.
Chegando a seu local de trabalho, comentou com colegas próximos o que havia presenciado, perguntando aos mesmos, se sabiam algo sobre o acontecimento. Todos desconheciam as razões da tarefa daquele funcionário. Em sua casa à noite, comentou com sua família que àquela situação o intrigava. Todos de casa não sabiam explicar. Sua esposa, por sua vez tentava em vão, acabar de vez com as preocupações de seu marido. Finalmente, uma ideia foi dada: melhor seria o homem perguntar ao funcionário da estrada de ferro. – Mas, eu não tenho jeito para perguntar. Acho até que não fica bem! Entretanto, todos os dias ao chegar a sua casa, sua esposa perguntava: - falou com o homem? De tanto ser inquirido pela família, pelos colegas de trabalho e pelos vizinhos, avisou a todos. – De amanhã não passa. Embora, mais comprometido consigo mesmo, faltava – lhe coragem. No dia seguinte, não mais suportando tal agonia e, ao ouvir ao longe as batidas do martelo nas rodas dos vagões, esperou o momento que o “batedor de martelo”, iria se aproximar, e quando, abaixou – se na beirada da plataforma, e disse: - Bom dia senhor, tudo bem com o senhor? Perdoe-me se tomo algum tempo de seu trabalho, mas, gostaria de dizer que, há quase quatro meses estou querendo saber qual a razão de o senhor bater o martelo nas rodas dos vagões. Ao que o homem, um tanto mal humorado respondeu: - há quase quarenta anos entrei nesta empresa; deram – me este martelo, para bater nas rodas dos vagões, mas, até agora, não me disseram para que eu faço isso.

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