quinta-feira, 30 de abril de 2009

A VERDADEIRA CRISE ESTÁ NO HOMEM

As crises que abalam as sociedades humanas são sempre, a princípio, crises espirituais. Os acontecimentos políticos, bem como as perturbações sociais, não fazem senão traduzir os fatos em desequilíbrio que têm uma causa profunda. É nas zonas secretas da consciência, em razão da obscura dialética (a arte de raciocinar, uso da lógica, recursos para argumentar ou discutir), dos ideais e das paixões aonde se elaboram os destinos do mundo. As forças novas que fazem ruir os impérios são aquelas mesmas, que todo homem enfrenta nas trevas de seu coração cúmplice. As crises de autoridades e, principalmente da cristandade, pelas quais se conheceram durante os anos de transição dos séculos 14 para o 15 não podem escapar à essa regra. É evidente, que uma crise de espírito as explica e as comanda. Esse estado de coisas anunciava-se já há várias décadas. Mesmo em um mundo cristão tão vigoroso e tão sólido do século 13, tais sinais de declínio já eram observados. A partir de 1350, tais sinais iriam multiplicar-se. A crise afetaria simultaneamente no homem, a consciência e a sensibilidade. Aquela força de gravidade que, tantas vezes, no decorrer dos séculos, puxou os batizados para baixo, de novo se exerceria e se arrastaria às suas naturais consequências. O pior é que já não há *Gregório VII, nem um São Bernardo, nem um São Domingos e nem um São Francisco de Assis para lançarem mão da alma oprimida e a forçarem a um novo ideal.
* Papa, (1015-1085). Condenou a simonia = tráfico de coisas santas.

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