quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

RÁDIO NACIONAL de SÃO PAULO - 4

Ao alcançar o alto da escada, observei que em uma sala havia um senhor escrevendo em uma máquina de datilografia. Fui informado da secão do doutor Humberto. Ao bater em sua porta, ouvi: “pode entrar”. Estava defronte a um senhor sentado à sua mesa de trabalho, a quem me apresentei, exibindo o anúncio pelo qual era solicitado um Desenhista de Publicidade.
Com seu grave sotaque de carioca, pediu que me sentasse Iniciei dizendo que havia me formado recentemente em desenho de propagando, e que ainda estava exercendo minha antiga profissão de entalhador de moveis. Notei suas entradas na testa, bigode aparado e pele relativamente morena. Levantando-se, observei ter em torno de 1,90 metros de altura. Trajava-se elegantemente, usando vistosa gravata. Pediu-me que o acompanhasse até a sala ao lado, separada por uma parede de madeira, e que a passagem era feita por uma abertura sem porta. Ficamos de fronte a um grande armário de aço, no qual eram guardados vários cartazes coloridos, rolos de papeis para desenhos, tintas e outros materiais com os quais já estava familiarizado na Escola Brasileira de Desenho Arquitetônico e de Publicidade. Notei que, enquanto conversávamos, formamos certa empatia. Recebi instruções sobre minhas funções e que dentre as quais, eu deveria seguir uma Ordem de Serviços, inclusive colocar no saguão de entrada da rádio, os cartazes coloridos conforme a programação diária da emissora.
Voltamos para a sua mesa; informou-me do salário que receberia, dizendo-me também que meu horário de trabalho seria das 9 às 12, e das 14 às 17h. Notei que o ganho mensal era um pouco menor do que recebia na oficina do Paulo Pires. Senti certa apreensão, pois, além de passar a ganhar menos, teria despesas de transporte coletivo, e levar almoço de casa.
Entretanto, vislumbrava uma nova fase profissional, para a qual freqüentei um curso de 1 ano. Ao receber a informação que deveria iniciar minhas funções o mais rápido possível, solicitei permissão para que fosse trabalhar na terça-feira, pois, na segunda, teria de informar minha saída do emprego com o qual até então estava compromissado. Fui informado também que trabalharia sob a orientação de Dalmo Pessoa, um experiente desenhista que exercia suas funções após as 14 h.
Ao me retirar, passei de volta pelo corredor lateral do auditório da rádio; detive-me por alguns instantes observando um cantor que terminava seu número musical, sob os aplausos do público. Naquele instante, ocorreu-me a ideia de que passaria por ali todos os dias. Afinal, permaneceria trabalhando naquela empresa por mais de dois anos
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