quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

RÁDIO NACIONAL de SÃO PAULO - Parte 12

Outra passagem marcante relacionada a Sílvio Santos, foi o contato que ele periodicamente fazia com proprietários de circos populares, boa parte deles, ciganos, e que se postavam na esquina da Avenida São João com Rua Dom José de Barros. Em uma oportunidade, ao terminar meu expediente de trabalho, encontrei-me com Sílvio Santos nos corredores da Rádio Nacional. Sabedor de minha atividade no Prédio Martinelli, sugeriu que fossemos juntos para o centro da cidade. Surpreendi-me quando me disse que iria á pé, pois, é o que eu fazia diariamente depois das 14h. Ao chegarmos à porta da rádio, notei um grupo de moças e até de uma senhora que o aguardavam ruidosamente, colocando-se à sua frente. Afastei-me um pouco enquanto concedia autógrafos àquelas pessoas. Depois de alguns comentários, sem muita importância, fomos pela Avenida São João, com intenso tráfego de bondes e ônibus. Estimo que o trajeto feito, foi de aproximadamente 30 minutos. Ao chegarmos à confluência da Rua Dom José de Barros, fiquei surpreso quando duas ou três pessoas o abordaram. Percebi que eram proprietários de circos com os quais Sílvio negociava suas apresentações nos bairros da periferia. Precisava despedir-me, mas não queria interrompê-los. Notei então que Sílvio anotava em um pequeno bloco, as datas das apresentações da “Caravana do Peru que Fala”, conforme anunciava em minúsculos espaços que alugava no Programa Manoel de Nóbrega. Ao anotar o que havia sido tratado, destacava uma via do bloco, na qual o compromisso havia sido firmado. Assim, de forma muito simples, estabelecia seus projetos de trabalho. Ao nos despedirmos, soube que àqueles senhores eram ciganos. Talvez, essa tenha sido a forma de subir os degraus da escada que o levou a atingir o patamar em que se encontra atualmente. Lembro de sua natural expressão facial enquanto conseguia seu trabalho; denotava a naturalidade de sua ação, enquanto semeava seu futuro financeiro.
Aproveito para inserir neste trecho, um detalhe extremamente importante daquele período: em uma noite, ao descer do ônibus vindo de regresso da escola na qual estudava Desenho de Mecânica no Município de Santo André, aonde residia, aproximei-me do circo instalado em meu bairro, com suas luzes quase todas apagadas, próximo ao ponto de meu desembarque. Vi em uma faixa afixada na lateral do circo a seguinte inscrição: “Hoje, às 20 horas, não percam a apresentação da Caravana do Peru que Fala.” Naquela época eu residia nas imediações em uma rua na qual não havia energia elétrica nas residências; o ultimo poste de luz, localizava-se na pequena praça em que se instalara o circo. Nunca fiz ideia que, mais de 50 anos após, eu estaria relatando prazerosamente aqueles fatos
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