domingo, 21 de fevereiro de 2010

RÁDIO NACIONAL de SÃOPAULO - Parte 10

Graças ao espírito criativo de Sílvio Santos, pude realizar uma ação de trabalho, além da amizade que privei com aquele senhor. Certa manhã, quando executava o desenho de um cartaz relativo a novo programa que seria apresentado pela TV Paulista, fui surpreendido pela presença de Sílvio Santos em minha sala. Até então só o conhecia de passagem pelos corredores da emissora. “Você é o Nelson, desenhista? Tenho um trabalho de desenho para ser feito”. E foi expondo sua ideia, que consistia em realizar vários desenhos para impressão de propaganda em uma revista de distribuição gratuita, em várias casas comerciais. Lembro-me de que estávamos nos aproximando do mês de dezembro. Imediatamente, apresentei a sugestão de fazer a capa da revista com a gravura de uma árvore de Natal. Segundo Sílvio Santos, o título da revista seria “Brincadeiras para você”. Após ter se afastado, fiquei imaginando que aquele seria mais um caso dentre os quais deixaria de receber pelo serviço.
Naquele período, Silvio Santos (nome artístico de Senor Abravanel), tinha assumido as funções de locutor comercial do Programa Manoel de Nóbrega, apresentado ao vivo, todos os dias no concorrido auditório da Rádio Nacional, das 12 às14 horas, cujo sucesso de audiência era quase que absoluto, principalmente quando se apresentavam “Os demônios da Garoa, Hebe Camargo e Roberto Luna”. Naquela oportunidade, a veia artística de Sílvio Santos tinha sido totalmente exposta. A característica predominante entre Manoel de Nóbrega e Sílvio Santos, era definida pelo notável sincronismo que Nóbrega punha em prática, fazendo caretas e praticando gestos enquanto Sílvio lia os textos sob sua responsabilidade. Para os leigos, toda prática de apresentação comercial no rádio e televisão, é rigorosamente fiscalizada e controlada em sua execução pelas agências de publicidade. Assim, Sílvio teria de assumir teoricamente a eficiência na realização do texto comercial, pois, o anunciante fiscalizador, somente ouve o desempenho de quem executa a fala; outro detalhe: nessas ocasiões, quando a publicidade é lida na presença do público em um auditório, o som ambiente local, é normalmente desligado. Daquela forma, seria extremamente fácil à percepção de falhas na leitura de um texto. A capacidade de conciliar a eficiência do locutor em relação às suas condições de trabalho, é diretamente ligada e proporcional ao seu potencial de concentração.
Em razão da tez relativamente ruborizada de Sílvio Santos, Manoel de Nóbrega atribuiu-lhe o apelido de “O peru que fala”, marca que lhe foi importante em suas apresentações em programas itinerantes pelos bairros da cidade de São Paulo. Assim, ao ser anunciado seu espetáculo nas praças públicas, o título foi ampliado para “A caravana do peru que fala”.

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